Abertura da Associação
29-09-2019
Discurso proferido na abertura da Associação Tu és uma Jóia
Nas minhas relações com essas tantas pessoas - e depois delas com pessoas em crise - cheguei perto de definir a questão central do nosso tempo: "falta de empatia e compaixão, sentimento de desespero, solidão, etc".
"Audere Est Facere" de alguma forma foi a solução lentamente adaptada e implementada. Em latim, significa concretamente "Ousar é Fazer", ou acreditar no que se deseja alcançar e pôr essa crença e essa atitude em ação, sejam quais forem as contrariedades. Assim, "Tu és uma Jóia" nasceu da necessidade de responder a essa motivação e atitude.
O processo de cura ou de purga não é apenas lidar com médicos/enfermeiros/assistentes sociais etc, mas é sobretudo envolver-se em toda a jornada de sobrevivência.
Tocamos a vida das pessoas simplesmente existindo e interagindo com elas.
- Mas se escolhermos usar o 'nosso' estatuto e influência para elevar a nossa voz em nome dos sem voz;
- Se optarmos por nos identificarmos não apenas com os poderosos, mas também com os impotentes ou os anónimos;
- Se mantivermos a capacidade de nos imaginarmos na vida daqueles que não o fazem ou não a têm;
- Se mantivermos sob controlo a nossa vantagem (física ou emocional) para o serviço de um colectivo ideal;
- Então, praticamos o poder da empatia humana, levando à ação coletiva que salva e transforma as vidas humanas em crise de sobrevivência ou de resiliência.
- "Nós somos as nossas emoções". É a essência do nosso ser.
- Sustentamos ou suportamos lesões emocionais ainda mais frequentes do que as físicas, sobrevivemos a lesões como fracassos, rejeições, solidão, ou fragilidade na doença.
- Todas estas lesões podem piorar se ignoradas e, consequentemente, podem prejudicar nossas vidas de maneira dramática. Quando sentimos dor emocional, precisamos de nos tratar com a mesma compaixão que se esperaria de um Amigo realmente bom ou digno desse nome.
- "Tu és uma Jóia" representa esse Amigo no momento da crise ou da necessidade. Um amigo que pratica compaixão como norma e não como uma regra.
Espero que todos possamos experimentar felicidade, níveis de felicidade e não meros níveis de sobrevivência.
Por experiência pessoal nacional e internacional, cheguei a perceber quão grande é a vida, quão intensa, alegre, dolorosa, complicada e bonita a nossa vida pode ser. Não temos escolha senão abraçar tudo, com empenho, com esperança, e com resiliência, sempre em qualquer circunstância.